A solidão deixou de ser apenas um sentimento individual para se tornar uma questão de saúde pública global. De acordo com um relatório da Comissão sobre Conexão Social da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada seis pessoas no mundo sofre com a solidão, com impactos significativos no bem-estar e na saúde. O estudo indica ainda que o problema está associado a cerca de 100 mortes a cada hora, o que representa mais de 871 mil óbitos todos os anos.
No Brasil, o alerta ganha mais relevância neste mês com o Setembro Amarelo, campanha nacional de incentivo à vida. A psicóloga e neuropsicóloga da Hapvida, Érica Zampolo Miguel, explica que a solidão não se limita ao ato de estar sozinho. “Não é apenas estar fisicamente só, mas um estado subjetivo marcado pela percepção de falta ou da fragilidade nos vínculos afetivos e sociais. É a sensação de desconexão, mesmo estando rodeado de pessoas. Diferencia-se do isolamento voluntário, que pode ser saudável e necessário, porque há sofrimento, um desejo de proximidade não correspondido”, afirma.
De acordo com Érica, quando prolongada, a solidão pode provocar angústia, vazio, sensação de abandono, além de aumentar o risco de depressão, ansiedade e baixa autoestima. Os reflexos não se limitam ao aspecto psicológico, também há consequências físicas importantes.
Jovens estão entre os mais afetados
O relatório da OMS mostra que entre 17% e 21% dos jovens de 13 a 29 anos se sentem solitários. Para a psicóloga da Hapvida, os números são preocupantes e refletem mudanças culturais e sociais.
“Entre os jovens, a solidão pode estar associada a relações mais superficiais, ao uso excessivo de redes sociais, que geram sensação de conexão, mas não suprem a necessidade de vínculo real, além de pressões acadêmicas e profissionais, que intensificam a comparação social e o sentimento de inadequação”, explica Érica.
Como enfrentar a solidão
Para lidar com esse sentimento, a especialista destaca a importância de buscar apoio e adotar práticas que fortaleçam vínculos reais:
- Acompanhamento psicológico: suporte profissional ajuda a compreender e acolher a angústia;
- Autoconhecimento: reconhecer e validar sentimentos de solidão, sem julgamentos;
- Cuidado com o corpo: exercícios físicos e sono adequado colaboram para o equilíbrio emocional;
- Contato social ativo: cultivar pequenos encontros presenciais, hobbies coletivos, atividades de grupo e voluntariado;
- Uso consciente das redes sociais: limitar o excesso e dar prioridade às interações presenciais.
“Ninguém precisa enfrentar a solidão sozinho. Ao reconhecer esse sentimento e buscar ajuda, é possível transformar o sofrimento em oportunidade de autoconhecimento e de construção de vínculos mais significativos”, conclui Érica.
com informações Phábrica de Ideias_foto_ilustrativa