O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou, no início deste mês, a lista dos nomes e sobrenomes mais populares do Brasil. Entre as mulheres, Maria, Ana e Francisca são os nomes mais comuns, respectivamente. Já entre os homens, José, João e Antônio formam o top três. Por fim, na lista dos sobrenomes mais populares, Silva lidera com mais de 34 milhões de brasileiros que o possuem, seguido de Santos, com 21,3 milhões, Oliveira, com 11,7 milhões, e, ainda, Souza, com mais de 9 milhões.
Para Eduardo Batista, coordenador de Sociologia da EAD UniCesumar, o que chama a atenção nos sobrenomes mais populares é a origem histórica, cultural e religiosa deles. “O sobrenome Silva tem origem latina, que significa ‘floresta’. Era um sobrenome comum em Portugal, e foi trazido pelos colonizadores para o Brasil. Já ‘Santos’ e ‘Oliveira’ têm forte ligação religiosa: ‘Santos’ remete a todos os santos da Igreja Católica, e ‘Oliveira’ faz alusão ao monte das Oliveiras, local sagrado na tradição cristã”, pontua o sociólogo.
Relação com o período da escravatura
Batista lembra que é muito comum sobrenomes no Brasil virem acompanhados de preposições, como “da”, “de” ou “dos”, formando “da Silva”, por exemplo. Segundo ele, essa origem está diretamente ligada com o período da escravatura no país. “Nos séculos XVIII e XIX, pessoas escravizadas libertas frequentemente recebiam ou adotavam sobrenomes como “da Silva” ou “dos Santos”. A preposição indicava pertença ou origem, funcionando quase como uma identificação territorial ou religiosa, ou seja, “dos Santos” é pertencente aos Santos. Com o tempo, esses sobrenomes se popularizaram e perderam o estigma social, tornando-se parte da identidade nacional brasileira”, explica.
Influência do catolicismo
Para o especialista, o catolicismo também teve grande influência na popularização de alguns sobrenomes e sobrenomes no Brasil. Nomes como Maria, José, João, Antônio e Francisco são expressões dessa fé. Já na categoria de sobrenomes, nota-se Santos, Anjos, Souza e Nascimento como um reflexo da religiosidade popular. “Era comum registrar crianças nascidas em datas religiosas com nomes alusivos a santos comemorados naquele dia. Assim, a fé moldou não apenas a devoção individual, mas também a identidade nominal coletiva do país”, completa Eduardo.
Profundidade da pesquisa: a história do Brasil
O sociólogo reitera que a pesquisa do IBGE não é somente uma lista dos nomes mais populares, mas sim, uma verdadeira radiografia cultural. “Essa relação nos ajuda a compreender processos históricos de colonização, escravidão, imigração e religiosidade, e mostram como a língua portuguesa se adaptou a contextos e locais diferentes. Em resumo, conhecer os nomes do Brasil é conhecer sua história viva, feita de fé, resistência, diversidade e memória”, conclui.
com informações Weber Shandwick_foto_arquivoJT

