De 2 a 6 de dezembro, São José do Rio Preto, no interior paulista, recebe a 1ª edição do ACESSO: Aplicabilidade e Modos de Produzir na Arte, ciclo de encontros que nasce com a proposta de refletir sobre acessibilidade cultural e promover a valorização da produção artística de pessoas com deficiência. São 12 atividades gratuitas e com acesso livre, entre rodas de conversa, bate-papos, espetáculo e exibição de documentário. Protagonizada por pessoas com deficiência, ao lado de profissionais de acessibilidade, a programação ocupa o espaço da Salete Produtora, no bairro Solo Sagrado I, localizado na região norte.
A partir de vivências das pessoas participantes, pretende-se evidenciar especificidades e expectativas de grupos diversos quanto ao pleno acesso aos bens e produtos culturais. A realização é com recursos da Lei Nelson Seixas, por meio do chamamento público 09/2024 (Formação Artístico-Cultural), da Secretaria Municipal de Cultura de São José do Rio Preto.
A abertura do ACESSO: Aplicabilidade e Modos de Produzir na Arte será na terça-feira (2/12), às 19h30, com a apresentação de “Muros e Grades são Invenções Humanas”, de Ariadne Antico, a palhaça Birita, da companhia A Casa das Lagartixas (São José dos Campos/SP). Espetáculo autobiográfico, a obra nasce da trajetória da artista, que vive com um tipo de paralisia cerebral e descobriu novas formas de olhar para suas limitações a partir da arte. A montagem mistura depoimento, palhaçaria e escuta ativa com o público, num convite a repensar os muros simbólicos e reais ainda impostos sobre corpos diversos. Após a sessão, Ariadne participa de bate-papo com o público sobre o processo de criação do trabalho, inicialmente concebido como uma palestra.
O projeto ACESSO: Aplicabilidade e Modos de Produzir na Arte tem coordenação geral da educadora, intérprete de Libras e arte-educadora Bárbara Moura, produção executiva do ator, diretor e produtor de teatro Fabiano Amigucci e produção de Andrea Capelli, produtora e artista da dança. “É crucial estabelecer um pensamento de acessibilidade cultural que envolva a sociedade em um diálogo aberto e promova uma escuta ampla e representativa, garantindo direitos sob uma perspectiva cidadã”, afirma o trio.
O documentário “Cultura Acessível: Para Quem?”, da terceira turma do curso de produção cultural do Senac São José do Rio Preto, pauta a programação da quarta-feira, dia 03 de dezembro, às 19h30. A obra é fruto do projeto integrador da formação, sob a orientação do jornalista e produtor cultural Harlen Félix, e busca discutir a acessibilidade nas produções, espaços e eventos culturais da cidade, por meio de depoimentos de pessoas com deficiência sobre o sentimento de pertencimento perante os mesmos, bem como de profissionais que atuam com recursos de acessibilidade comunicacional, como tradução em Libras e audiodescrição. Depois da exibição, a turma conversa com a plateia sobre as etapas da produção.
Rodas de conversa
As demais atividades do ACESSO: Aplicabilidade e Modos de Produzir na Arte concentram-se em oito encontros em formato de roda de conversa, de quinta-feira, dia 04 de dezembro a sábado, dia 06 de dezembro. Os encontros acampam diferentes tipos de deficiência, desde auditiva, visual, física e intelectual, numa jornada envolvendo artistas, agentes culturais, educadores, estudantes e representantes do público.
Tanto na quinta-feira, dia 04 de dezembro quanto na sexta-feira, dia 05 de dezembro haverá dois encontros, sempre 14h30 e 16h30, enquanto no sábado, dia 06 de dezembro, data do encerramento, serão quatro debates: 9h, 11h, 14h30 e 16h30. Haverá emissão de certificado para pessoas interessadas, mediante 80% de presença, o qual deverá ser requisitado pelo link https://bit.ly/formulário-certificados-ACESSO.
A programação começa pelo tema “Não é só sobre Libras, mas também é”, a fim de ampliar o entendimento sobre acessibilidade comunicacional, em especial o papel das Libras. Participam a intérprete e instrutora de Libras Eliza Godoy, graduada em pedagogia e pós-graduada em psicopedagogia, e Jacqueline Fontes, pessoa com deficiência auditiva profunda, formada em pedagogia e ministrante de Libras. A mediação é de Bárbara Moura. Às 16h30, a ocupação de espaços culturais por pessoas com deficiência conduz a conversa “Eu quero é botar meu bloco na rua, nos palcos, nas galerias”, com a estudante de música e teatro Isabella Isa, autista nível 1 e baixa visão, e o doutorando em matemática (Ibilce/Unesp) Pedro Otávio de Souza Mussatto, mediada por Livon, cantora e compositora atípica.
Na sexta (5), “O que os olhos não veem…” reúne a cantora e violonista Maria das Graças Aristóteles e o cantor e educador musical Nei Cândido, com formação em violão e guitarra adaptados, em interlocução com a educadora e audiodescritora Milena Bertoni, coordenadora pedagógica no Centro de Reabilitação Visual – Instituto dos Cegos com Deficiência Visual. Em seguida, “Tira essa escada daí – acessibilidade arquitetônica em espaços culturais” convida o multiartista e lgbt Caio Emanoel, com sequela de mielomeningocele; o artista com foco em teatro, cinema e performance Heitor Delfino; a artista e paratleta com deficiência física Joana Batista; e Laura Souza, pessoa com deficiência física dedicada à dança inclusiva e performance art. Condução da atriz, performer, ativista pelos direitos das pessoas com deficiência, cadeirante e fundadora do núcleo Asa de Borboleta Performance Art, Vanessa Cornélio.
O sábado (6), último dia do ciclo de encontros, começa com “Ferramentas e recursos: criando acessibilidade em arte”, sobre meios de potencializar a fruição e a criação artística, com a deficiente visual total, pedagoga e praticante de esportes adaptados Ingrid Vasconcelos e o massoterapeuta e deficiente visual total Rogério Santos, sob mediação de Milena Bertoni. Na sequência, “Sensibilização e práticas inclusivas” aborda atitudes, comportamentos e processos que promovem convivência, respeito e inclusão, num debate entre a cozinheira e empresária Dani Lima, que vive a maternidade atípica desde 2016, e o especialista em informática, estudante de psicologia e podcaster Tiago Catelani, em diálogo com a psicóloga, multiartista e autista Pietra Borges, especialista em Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness (PUC-PR) e Análise do Comportamento Aplicada para Autismo e Deficiência Intelectual (CBI of Miami).
No período da tarde, “Criação de propostas culturais acessíveis de verdade” busca pensar como desenvolver projetos culturais que contemplem acessibilidade em todas as etapas. Participam o designer e muralista Lucão e o produtor cultural Tiago Mariusso, coidealizador e gestor no Espaço Multicultural Casa Nuvem. Mediação de Vanessa Cornélio. Encerra a jornada o tema “PCDs e o mercado de trabalho nas artes”, enfocando práticas de promoção da equidade, com o artista visual Eiver Antonio e o pesquisador do teatro surdo e da acessibilidade na arte Tulio Caianelo, sob condução de Bárbara Moura.
Inclusão
A expectativa da organização é que o diálogo democrático e aprofundado oportunizado ao longo dos cinco dias da programação desperte interesse de diferentes setores e seus representantes marquem presença nas discussões, com vistas à promoção efetiva da cultura de forma acessível e inclusiva, fortalecendo o protagonismo das pessoas com deficiência, tanto como público quanto como fazedoras de cultura.
Além das reflexões propostas pela programação, o ACESSO: Aplicabilidade e Modos de Produzir na Arte pauta-se por diferentes iniciativas para viabilizar a participação do público de maneira inclusiva. Todas as rodas de conversa e bate-papos terão interpretação em Libras e audiodescrição, mesmos recursos presentes no espetáculo e na exibição do documentário, que tem janela de Libras integrada.
Uma equipe especializada em inclusão acompanha as atividades, composta por Júlia Ramos (audiodescrição), Raquel Barbosa dos Santos (recepção de pessoas com neurodivergência e/ou com deficiência física), Bárbara Moura, Rafael da Silva e Silva e Simone Nascimento (interpretação de Libras).
Já a Salete Produtora, espaço que recebe a programação, possui acessibilidade arquitetônica, incluindo banheiro com portas largas, barras de apoio e espaço interno para cadeira de rodas e um acompanhante, recurso para pessoas com deficiência física que precisam de ajuda e/ou cadeirantes.
Ciclo de Encontros ‘ACESSO: Aplicabilidade e Modos de Produzir na Arte’
Quando: 2 a 6 de dezembro de 2025
Abertura: dia 2 de dezembro, 19h30, com o espetáculo “Muros e Grades são Invenções Humanas”, de Ariadne Antico
Onde: Salete Produtora
Endereço: Avenida José Vinha Filho, 1091, bairro Solo Sagrado I – São José do Rio Preto/SP
Entrada gratuita (não é necessária a retirada de ingresso)
Mais informações: linktr.ee/acesso.riopreto
Siga o ACESSO no Instagram: @acesso.riopreto
com informações assessoria de imprensa ACESSO Rio Preto_foto_André-Henriques

