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Dentre todos os cômodos de uma residência, o quarto é aquele considerado o mais íntimo e sensível ao morador, onde o tempo desacelera, o corpo repousa e a mente se reorganiza para o dia seguinte. É à vista disso que um bom projeto de quarto precisa proporcionar uma experiência de descanso e acolhimento duradouros. Para tanto, o arquiteto Raphael Wittmann, à frente da Rawi Arquitetura + Design, explica que um dormitório deve refletir o modo de vida de quem o habita, bem como suas ideias de pessoalidade, pausa e quietude. “O quarto é um espaço de entrega, de desconexão do ritmo acelerado e reconexão consigo mesmo. O projeto precisa transformar o cotidiano em pausa e traduzir a personalidade do morador em estímulos visuais e táteis que promovam bem-estar”, comenta. A seguir, o arquiteto faz dicas sobre como projetar o quarto ideal: O ponto de partida: medidas |
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Neste dormitório, o painel de madeira junto com a cabeceira estofada abraça os moradores para boas noites de sono | Projeto Rawi Arquitetura + Design | Foto: Alexandre Disaro |
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Para Raphael Wittmann, um bom projeto de quarto começa com um layout coerente, onde a cama ocupa posição de destaque sem comprometer a circulação. “O ideal é manter a cama pelo menos 70 cm livres nas laterais, evitando bloqueios, tropeços e garantindo fluidez. Já em quartos infantis menores, pode ser interessante encostar a cama na parede para ganhar espaço extra para brincar no chão”, ressalta. Além da disposição, as proporções ergonômicas também fazem diferença na experiência do usuário com o quarto, são elas: ● Mesas de cabeceira: entre 50 e 65 cm de altura; ● Camas: geralmente não devem com o colchão passar de 60 cm de altura para não pesar no espaço. “Sempre que possível evito as camas box baú, são altas e ficam grosseiras no ambiente”, afirma. ● Luminárias suspensas (pendentes): podem ser instaladas a 30 a 60 cm acima das mesas de cabeceira ou no centro do ambiente, preferencialmente alinhada ao eixo da cama; ● Armários: precisam de pelo menos 70 cm de folga para abertura das portas. É importante também pensar na posição das gavetas internas, pois precisam de espaço extra para mobilidade na circulação. “Um quarto bonito é aquele que respeita o corpo humano. A composição estética só funciona quando vem acompanhada de ergonomia e equilíbrio”, reforça Raphael. Camas: o coração do quarto Item primordial para noites bem dormidas, a cama é o elemento que dita o restante do projeto e seu tamanho deve ser proporcional ao ambiente, por exemplo: camas king-size exigem espaços amplos, enquanto modelos queen ou de casal são mais versáteis e se adaptam a diferentes plantas. “Na hora de comprar o colchão, encare como um investimento em bem-estar, pois um modelo de densidade e suporte adequados à postura fazem toda diferença no descanso”, completa Raphael. |
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A suíte do casal apresenta uma base neutra, destacando elementos como a parede atrás da cabeceira ripada. A madeira foi combinada com as mesinhas laterais e o abajur, criando uma atmosfera aconchegante e elegante | Projeto Rawi Arquitetura + Design | Foto: Juliana Deeke |
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Além do colchão, a cabeceira e o enxoval complementam a sensação de aconchego. Para ele, as cabeceiras trazem presença e conforto acústico, enquanto versões de madeira ripada ou painéis contínuos ajudam a criar unidade visual. Já para as roupas de cama, uma composição em sobreposição de tecidos cria o efeito ‘camadas de conforto’, principalmente quando opta-se por tecidos naturais como linho e algodão que permitem a respiração da pele e regulam a temperatura, tornando o ambiente agradável em qualquer estação. Iluminação na medida certa Muitas vezes subestimadas, a iluminação é um dos elementos mais importantes na atmosfera de um dormitório. Por isso, Raphael sugere combinar três camadas de luz quente (2700K à 3000K): – Luz Geral: para uma base suave e acolhedora, pode ser um plafon ou um pendente para um toque com mais personalidade. Pode ser também por meio de spots laterais, desde que não fiquem focados diretamente na cama; – Luz Indireta: o pendente principal, os abajures e as arandelas tipo pás também podem ter luz indireta, pois há modelos que rebatem de baixo para cima. A luz indireta ilumina de baixo para cima, rebatendo no teto e refletindo no ambiente, trazendo uma atmosfera aconchegante. – Luz de Apoio: por meio de abajures, arandelas ou pendentes laterais, que ajudam a modular o clima. Também podem ser utilizadas pontualmente fitas de LED embutidas na cabeceira, nos armários e nichos de estantes, embora estejam mais batidas. |
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Neste projeto, o arquiteto optou por colocar uma arandela de um lado e um abajur do outro para diversificar a iluminação do quarto | Projeto Rawi Arquitetura + Design | Foto: Rafael Renzo |
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“Sempre utilizamos lâmpadas com cores quentes nos quartos, pois propiciam maior relaxamento e elegância. Recomendamos a temperatura de cor de 2700K que é a luz quente, conhecida também como luz amarela, mas também pode ser 3000K, que seria o branco morno. A luz branca fria não é recomendada para esse tipo de ambiente, a menos que haja alguma necessidade especial.”, explica o arquiteto. Já para suavizar a luz natural que adentra de janelas, a combinação de cortinas com dupla camada é a mais indicada, pois permite controlar a claridade conforme o momento do dia. A combinação de persiana tipo tela solar com cortina de tecido leve também causa o mesmo efeito. Paleta de cores |
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A suíte desse apartamento é composta por tons claros com a intenção de destacar a obra de arte em cima da cabeceira em serralheria, que não encosta no piso e sobrepõe o granilite da cabeceira | Projeto Rawi Arquitetura + Design | Foto: Juliana Deeke |
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Especialista em projetos contemporâneos, Raphael Wittmann acredita que a paleta deve ser pensada de dentro para fora, refletindo a identidade de quem dorme ali. Por isso, sugere uma base em tons claros e neutros, como bege, branco, areia, cinza mais quente e verde-oliva, que evocam serenidade e ampliam visualmente o ambiente. Outras cores podem ser utilizadas de acordo com o gosto pessoal, mas devem ser acolhedoras. Para contrastar, tons mais marcantes podem ser usados pontualmente em objetos ou paredes de destaque. “Um quarto é o espelho das emoções do morador. Se ele busca tranquilidade, uso tons quentes e suaves, mas se é alguém mais criativo, posso usar nuances de terracota, rosa, azul ou amarelo manteiga. A cor, mais do que decorativa, é uma ferramenta emocional”, observa o arquiteto. Mobiliário |
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No projeto acima, a parede texturizada em chapisco rústico reforça o caráter rústico e orgânico do quarto, enquanto a iluminação pontual e os tecidos tramados promovem uma ambientação acolhedora, que estimula o relaxamento e o contato com o essencial | Projeto Rawi Arquitetura + Design | Foto: Rafael Renzo |
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O arquiteto da Rawi Arquitetura + Design também recomenda pensar no entorno imediato da cama e alguns móveis são indispensáveis para o conforto: ● Mesas de cabeceira, com gavetas ou nichos; ● Armário ou closet planejado, para otimizar o espaço; ● Cômoda ou aparador, para apoio de objetos pessoais; ● Poltrona de leitura ou banco aos pés da cama, para sentar ou leitura; ● Espelho de corpo inteiro, que amplia o espaço e auxilia no uso diário; ● Painel ou móvel sob medida, para TV e organização de cabos. Os cabos também podem ser planejados embutidos nas paredes, dispensando painéis; ● Bancos com baú e móveis multifuncionais, que ajudam na organização sem pesar visualmente. ● Ganchos nas paredes e mancebos, que colaboram na organização das roupas e bolsas. “Evite o excesso de peças e priorize móveis com dupla função. Um quarto precisa respirar e o espaço livre também faz parte do conforto. O menos é mais neste caso”, finaliza Raphael Wittmann. com informações e foto dc33 Comunicação |





