O “Junho Violeta” foi criado em 2018 pela Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) para a conscientização contra o Ceratocone. O objetivo da campanha é orientar a população sobre a doença, tratamento e a importância do diagnóstico precoce.

O Ceratocone não é uma doença oftalmológica comum como a catarata, é extremamente rara que atinge menos de 0,5% da população mundial e de 1% a 2% da população brasileira.

O simples ato de coçar os olhos pode causar um avanço acelerado do Ceratocone. É o que afirma o oftalmologista e médico de especialidades cirúrgicas da Famerp, Gildásio Castello de Almeida Júnior.

“O Ceratocone não tem uma causa específica, é uma doença genética rara, de caráter hereditário e com evolução lenta, que se manifesta mais entre os 10 e 25 anos. A atitude que muitas pessoas têm de coçar os olhos exageradamente pode levar à progressão da doença”, salientou o médico.

A doença é caracterizada pelo encurvamento e afinamento progressivo da córnea, que se projeta para a frente, formando uma saliência em forma de cone. O Ceratocone causa baixa acuidade visual, ou seja, o paciente apresenta aumento progressivo do grau de astigmatismo e miopia com maior velocidade do que seria o considerado “normal”.

É o caso do autônomo Marlon Marins, que descobriu a doença aos 14 anos. Hoje aos 29, já realizou mais de cinco cirurgias, entre transplantes de córnea e cirurgias a laser.

“Eu fiz recentemente mais um transplante de córnea, no olho esquerdo, estava na fila desde 2019. É uma doença que não tem cura, vou ao médico com frequência e vamos acompanhando o desenvolvimento de novos estudos, novos procedimentos que podem ajudar no meu caso”, destacou Marins.

De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, o Ceratocone é responsável por cerca de 70% dos procedimentos de transplante de córnea. A principal causa para um número tão elevado é a desinformação e a falta de cuidados precoces, levando a quadros mais graves da doença.

Um dos tratamentos comprovados no controle da progressão do Ceratocone é o crosslinking, uma cirurgia que estimula a contração e a união das fibras de colágeno, aumentando a resistência da córnea e reforçando a sua estrutura.

O médico da Famerp já realizou diversos estudos sobre o assunto. O mais recente é uma pesquisa internacional sobre o uso da inteligência artificial baseado na tomografia corneana para distinguir Ceratocone subclínico de córneas saudáveis, publicada na Revista Journal of Cataract and Refractive Surgery. Ele alerta para a importância da prevenção e tratamento prévio da doença.

“Nós incentivamos o paciente a procurar um oftalmologista e descobrir como anda a evolução da doença, no caso de já a possuir, e, caso tenha histórico na família ou caso for identificado algum dos sintomas, indicamos a realização do exame para investigação”, aconselha o médico.

Da Reportagem Jornal do Trabalhador com informações Comunic Comunicação Estratégica

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