Um a cada quatro brasileiros com mais de 18 anos é obeso, o que faz da obesidade um dos maiores problemas de saúde do país, assim como em boa parte do mundo. São mais de 41 milhões de pessoas, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde de 2020. E quando se soma os que têm sobrepeso, eram mais de 96 milhões, há quatros anos, de acordo com o Ministério da Saúde.
No Brasil, acontece a campanha “Vamos Falar de Obesidade e…”, desenvolvida pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem). Na região, a iniciativa conta com o apoio do Hospital de Base (HB) de Rio Preto e do Hospital da Criança e Maternidade (HCM), referências no atendimento a pacientes com obesidade e problemas de saúde causados por ela.
A obesidade é tema muito complexo, ressalta a médica Maristella Tonon Rui Freitas, médica endocrinologista do Hospital de Base, professora da Famerp e membro da Abeso. “Este Dia Mundial é oportunidade para destacarmos as causas, complicações e graves consequências para a saúde física e psicológica do obeso e enfatizarmos que há formas de prevenção e, se obeso, há como a pessoa se tratar”, afirma a endocrinologista.
O HB de Rio Preto e o HCM possuem equipe multiprofissional especializada para acolher e oferecer atendimento e cuidados ao obeso. A equipe envolve endocrinologistas e médicos de outras especialidades, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, entre outros. O HB e o HCM são hospitais referência para o atendimento de 1,7 milhão de moradores de 102 cidades da região noroeste.
A obesidade é considerada uma doença crônica que vem crescendo a ritmo muito acelerado. Segundo Dra. Maristela, esta realidade está associada à significativa alteração do padrão alimentar dos brasileiros, com a redução do consumo de alimentos in natura ou minimamente processados e maior participação dos alimentos ultraprocessados. “Estamos comendo muito mal. Comemos em grande quantidade alimentos altamente calóricos com valores nutricionais muito baixos”, resume a endocrinologista. “Os ultraprocessados contém grande quantidade de gorduras, conservantes e aditivos muito danosos a nossa saúde”, completa a médica.
Além disso, segundo ela, hábitos não saudáveis, que incluem o excesso de tempo gasto em comportamentos sedentários, impulsionados pelo uso excessivo de telas, atrelado à pouca ou nenhuma prática de atividade física, compõem a rotina diária de grande parte da população.
O sobrepeso e a obesidade são fatores de risco para outras enfermidades, como doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, osteoartroses e alguns tipos de câncer, por exemplo, de mama, vesícula e cólon. A Organização Mundial da Saúde estabelece que a medida igual ou superior a 94 cm em homens e 80 cm em mulheres, já aumenta o risco, especialmente, para doenças ligadas ao coração.
O Ministério da Saúde e a campanha destacam também outras consequências danosas da obesidade, como os estereótipos e discriminação impostos pela sociedade a quem está muito acima do peso. E é justamente nesse ponto que fica evidente como aspectos sociais e psicológicos do indivíduo podem ser afetados, para além da questão física.
Tratamento da obesidade
Segundo a especialista, o tratamento baseia-se em três pilares:
– adoção de dieta qualitativa adequada ao estilo de vida do paciente;
– tratamento das doenças associadas;
– prática de atividade física.
“O paciente fará a atividade física que mais gostar como, por exemplo, caminhada, corrida, academia, jogar bola, andar de bicicleta, o que mais agradável e que trará benefício a ele”, pontua a endocrinologista do HB de Rio Preto.
É possível, segundo ela, que o tratamento inclua a prescrição pelo médico de medicamentos.

Da Reportagem Jornal do Trabalhador 

com informações e fotos Intermídia