Adaptação para os palcos do livro escrito em 2006 pela francesa Virginie Despentes, que narra, em primeira pessoa, experiências que perpassam temas como gênero, estereótipos e emancipação, o espetáculo Teoria King Kong faz apresentação no Sesc Rio Preto sexta-feira (15/3), 21h. No Brasil, o livro foi lançado em 2016 pela n-1 edições com tradução da atriz, jornalista e escritora Marcia Bechara, que também assina a dramaturgia. A publicação foi relançada recentemente, durante temporada da peça no Sesc Bom Retiro, na capital.

Sob direção de Yara de Novaes, as atrizes Carol Duarte, Ivy Souza e Verónica Valenttino atualizam o texto a partir de suas escrevivências e subjetividades, ora se colocando como as tradutoras da obra, ora incorporando a própria Virginie Despentes e dando voz às reflexões que abarcam o conceito de mulheridades, exposto pela autora num jorro literário, capaz de desacomodar formas de perceber, pensar e interagir com determinadas heranças que ainda orientam o comportamento em sociedade. O espetáculo reúne em sua ficha técnica uma equipe de mulheres com a proposta de fortalecer esse pacto feminino e feminista em torno da encenação.

Para a dramaturga, o maior desafio de transpor Teoria King Kong para os palcos em 2023 é, justamente, encontrar sua atualização, visto que isso acontece mais de uma década depois do lançamento na França. “Muita coisa mudou, da nossa compreensão interna do que seja o feminismo ou os feminismos e de como essas coisas se interpelam mutuamente na América Latina, na Europa e em vários outros contextos. Esse é o grande desafio, atualizar esse texto que é magnífico e magnânimo, para a realidade brasileira, para que ele converse com a gente também da maneira que o teatro sabe fazer. O teatro como essa grande ágora contemporânea, um espaço potente e propício para as discussões do nosso tempo.”

De acordo com a diretora, a aproximação de Márcia e das atrizes, que também colaboram com a dramaturgia, facilitou o processo de construção do texto. “São elas (as atrizes) que estão trazendo para a dramaturgia essas pessoalidades, essas fricções”. Bechara optou por não trazer apenas falas na primeira pessoa, mas escolheu a figura de três tradutoras transcriadoras para que fossem as cicerones, as experimentadoras cênicas do livro da Virginie.

Os ensaios, que ocorreram em São Paulo durante os meses de maio a agosto de 2023, serviram de espaço para experiências e diálogos transversais ao projeto: “Trouxemos para a sala de ensaio, nesse grande laboratório, algumas mulheres muito incríveis para trocarem com a gente, como a pensadora transfeminista Helena Vieira, a roteirista e dramaturga Silvia Gomez, a jornalista e comunicadora popular do Movimento das Mulheres Camponesas, Adriane Canan, essa equipe foi essencial para essa migração do livro para o palco”, conta Yara.

Serviço:

Espetáculo – Teoria King Kong

Direção: Yara de Novaes

Teoria King Kong é um espetáculo com uma dramaturgia não-realista, onde três atrizes buscam, através de suas traduções e vivências, trazer para a realidade brasileira alguns temas abordados pela escritora francesa Virginie Despentes. O espetáculo apresenta ––numa espiral cheia de humor e acidez, reflexões para um possível pacto civilizatório. Protagonizam a montagem três das mais brilhantes atrizes da nossa geração, Carol Duarte, Ivy Souza e Verónica Valenttino.

Dia 15, sexta, 21h

Teatro. Ingressos: R$ 12 (credencial plena), R$ 20,00 (meia entrada) e R$ 40 (inteira). Autoclassificação 16 anos

Vídeos de convite: https://bit.ly/48QhEge

Da Reportagem Jornal do Trabalhador

com informações assessoria Sesc Rio Preto_foto_Camila_Macedo